quarta-feira, 24 de junho de 2009

O que não era, agora é - parte dois

Pra qualquer um o que Bruna disse seria motivo de preocupação, mas não para mim. Eu não tinha nenhum um filme para queimar. Ele foi sendo rasgado ao longo dos anos naquele colégio. Mas ninguém ali me conhecia de verdade pra falar sobre mim. Por exemplo, se eu contar pra alguém naquela sala (tirando a Tassi) que toco guitarra será um motivo de espanto. Onde já se viu uma pessoa que nem eu tocando guitarra. Um instrumento tão descontraído e normal. Acho que eles me imaginariam melhor tocando violino ou clarinete. Mas eu não acho nenhum dos dois divertido. Gosto de guitarras, elas me fascinam. Tem uma mágica nelas que não sei explicar. Aquelas seis cordas tocadas juntas fazem um som muito agradável aos meus ouvidos.
Mas voltando a história. Depois de quarta eu acho que toda escola comentaria sobre o assunto. O insuportável e a nerd andando juntos. Sendo que nem estavamos sendo 'amigos' eram só aulas, pra mim não era nada além de negócios. Dito e feito. Quando cheguei na sala foi atacada pela Bruna e Rafa que queriam saber se eu irira ter coragem de ir na casa de um idiota, como elas chamavam o Fernando, disse que sim. E que ele não era nada disso. Elas ficaram bastante irritadas.
No recreio de novo lá estava eu lendo. Quando alguém dessa vez me chama:
― Isabela?
― Oi? Ah é tu Fernando. ― eu disse meio assustada.
― Decepcionada?
― Como assim?
― Nada não. Besteira.
― Ok. Precisa de algo?
― Não, não. Só queria confirmar hoje de noite.
― Ah sim, as aulas. Confirmado, às 7 estarei na sua casa.
― É aulas. ― disse num tom meio de desânimo.― Bom, então até. Estarei te esperando.
― Fernando?
― Sim?
― Olha... Não fica brabo com que eu vou te falar, tá?
― Tudo bem.
― Mas me disseram que tu...
― Que sou o mairo chato né?
― Sim.
― Eu já sabia disso.
― Mas não pense que eu ache isso. Sóqueria explicar que eu não me importo com que os outros falam. Na verdade, te achei muito simpático. E não quero que chegue aos seus ouvidos coisas erradas. Então se disseram que eu disse que você é chato não acredite, por favor!
― Não. Eu entendo. A mesma coisa pra você. Meus amigos ficaram zangados porque vim pedir ajuda pra aulas. Eles acham que você é queima filme. Mas pelo contrário, você muito divertida.
― Queima filme.― eu ri da minha desgraça.
― Olha...― ele sentou ao meu lado, cruzou os braços e se escorou na árvore. Fico um tempo em silêncio e olhando para cima. Fiquei curiosa e olhei também.― As pessoas fala muitas coisas uma das outras e nem conhecem elas realmente. Eu aprendi a não julgar ninguém. Por isso quem sabe seja visto com chato entre outras coisas.
― Bom, isso é realmente verdade.― eu tivê que concordar. Ele era bem maduro pra o normal dos meninos da nossa idade.― Mas eu não me importo com o que dizem.
― Somos dois então. Se eu le falar que já li esse livro que está na sua mão umas 4 vezes, você acredita?
― Não.― olhei para a capa do meu livro e fiquei pensativa.― Realmente não.
― Você já está me julgando, percebe?― ele me olhou bem nos olhos e descruzou os braços.
― Acho que sim. Desculpe, mas nunca imaginei você lendo um romance.
― Ei, meninos também tem sentimentos sabia? Não é só porque mantemos a pose de fortes, que realmente somos isso.
― Mas você não me parece muito forte.― apontei pro braço dele, que era bem magro aliás.
― Ah, tu entendeu o que eu quis dizer.― nós dois rimos e depois ficamos em silêncio nos olhando.― Mas bem, não quero te encomodar. Pode ler sossegada. O chato foi embora!
― Você não encomoda.
― Mesmo assim, tenho que ir.
― Então, até mais chato.
Ele sorriu maliciosamente e acenou de costas. Ele era bem alto para nossa idade. E posso dizer que magro também, desengonçado. Era um patinho feio no meio de tanto cisnes. Mas ele tinha um charme. A beleza dele era interior. Engraçado, simpático e... Quem sabe. Romântico.

Nenhum comentário: