― Aceita? Sério?― falou Fernando todo empolgado.
― S-sim.― finalmente algum som!
― Ai, tu não sabe o quanto eu tô feliz Bela.
Na empolgação ele acabou me abraçando, mas como não esperava por isso e ele largou todo o peso em cima de mim. Nós acabamos caindo no chão. E ele ficou uns minutos em cima de mim me olhando. Foi bem estranho. Depois ele levantou e estendeu a mão pra mim. E me ajudou a levantar.
― Desculpa.― disse Fernando.
― Não foi nada. Mas eu tenho que ir mesmo.
― Ah sim. Quer carona?
― Não, eu moro duas ruas pra baixo. É perto, posso ir caminhando.
― Mora tão perto assim? Nunca te vi por aqui.
― Que nem na escola.
― É verdade. Mas então eu te acompanho.
― Nã...
― Não aceito não como resposta! Todo mundo quer um cara bonitão assim do lado. Tudo bem, ninguém quer.― nós dois rimos juntos.― Mas tá tarde e não é bom que meninas...
― Eu entendi Fernando. Vamos logo!
― Ok. Desculpe. Mãe vô leva a Isabela até em casa, já volto!
― Tudo filho, não volta tarde.― falou a mãe do Fernando.― Foi um prazer te conhecer Isabela.
― Igualmente. Tchau.― falei e saí da casa.
Fomos andando em silêncio até chegar no final da rua. Onde já tinhamos uma distância razóavel da casa do Fernando. Até que o silêncio é quebrado por uma buzinada de carro muito alta. Fernando me puxou com toda força pra trás, e eu caí na calçada.
― Não olha por onde andam.― gritou um senhor de dentro do carro.
― Se andasse mais devagar isso não aconteceria!― respondeu Fernando furioso.― Tudo bem bela?
― Sim. Eu acho.― falei ainda sentada no chão, foi juntando minhas coisas e o Fernando me ajudou.
― Sujeitinho mais idiota! Onde já se viu cruzar o sinal fechado? Ai, eu odeio isso. Gente que não respeita os outros.
― Calma Fernando. Tá tudo bem.
― Sim, eu sei. Mas eu nunca me perdoaria se te acontecesse algo!
― Não tem por que ficar assim, não foi nada de mais.
― Tenta entender isso, tá? Tudo o que acontece contigo é importante. Entende isso?
― Ok.― falei apavorada.
― Vamos indo e dessa vez, com mais cuidado!
― Tá tá Fernando. Para, tá me dando medo!
― Desculpa.
Andamos mais uma rua em silêncio. E em poucos minutos chegamos na minha casa. Não era uma casa luxuosa, mas eu gostava do jeito que era. Era perfeita pra mim! E não importava o que disessem eu não trocava aquela cor amarela escandolosa que minh mãe pintou a casa por nada. Até era engraçada. Não, era chamativa mesmo! Acho que Fernando achou ela chamativa também. A cara dele de espanto foi engraçada.
― Brigada por me trazer.― falei como uma despedida.
― De nada, vô indo.― ele se abaixou e me deu um beijo no rosto.
― Tchau.
― Até amanhã.
Entrei em casa e as luzes estavam todas apagadas. Meus pais deviam ter saido. Fui até o quarto do meu irmão e bati na porta. Bati, bati e bati. E nada de ele atender. Então fui até a chave de luz da casa e desliguei. De repente algum grito foi emitido e um som de alguém caindo da escada eu consegui ouvir. Liguei a chava de novo e fui até a escada.
― Cadê o papai e a mamãe?― Falei me segurando pra não rir.
― Acho que saíram pra jantar. Foi tu que apagou tudo?― meu irmão responde atirado na ponta da escada.
― Não, bem capaz. E levanta daí logo.
― Onde tu tava?― meu irmão falou enquanto levantava.― O pai tava te procurando.
― Ah, eu tava em naumtim.
― Naumtim?
― Não te interessa onde eu tava.
― Engraçadinha. Vô volta a joga.
― Vai joga o que?
― Nautim.
― Tá, tá. Bom jogo!
Subi até meu quarto e larguei minha mochila em cima da cama. Recebi uma mensagem no celular. Erado Fernando me avisando que ele tinha que estudar matemática e era pra mim levar o meu violão na casa dele.Amanhã é um dia novo, hora de dormir. Mas antes de deitar fui atrás do meu irmão.
― Que tu tá fazendo?― Eu gritei apavorada.
― Aaah... Eu tô, aah que te interessa.
― Por que o toby tá aqui dentro?
― Porque ele vai durmi comigo. Mamãe nem vai nota.
― Claro que vai. Boto ele pra fora agora.
― Ah maninha.
― Nem ah nem 'be'. Vai logo!
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