- Pronta?- disse Fernando.
- Aham. A gente vai pra sua casa?- Falei com a voz um pouco aspera. E olhando de canto de olho pra Alessandra. Que por algum motivo ainda estava na rua.
- Lógico. Achou que iamos aonde?
- Não, não achei nada.
- Entra.- Entrei e como estava sendo de costume não falei nada. Mas desta vez me senti desconfortavel com a situação. Então resolvi puxar assunto sobre qualquer coisa.- Bom, eaí que a gente vai tocar?
- Sei lá. As músicas que a gente achar tri.- Fernando falou parecendo não me dar muita atenção.
- Ah tá.- Mas alguma silêncio. E então não aguentei.- O que tu tava fazendo na casa da Alessandra?
- A gente tava conversando. Tu demorou um pouco.- Preferi não comentar que eu estava me empanturrando de lasanha. Então deixei ele continuar.- Então ela tava passando e resolvi dá uma carona pra ela. A gente se conhece desde de criança. Somos que nem irmãos assim, entende?
- Hum. Entendo sim. Desculpa pela demora.
- Que isso foi nada. Eu esperaria muito mais se precisasse.- Eu sorri depois do que ele disse. Não pude me conter. Mas eu não podia dar bandeira sobre os meus sentimentos.
- Então tá tudo bem.
- Ah antes de entrarmos. Eu posso te perguntar uma coisa?
- Pergunta.
- O que te fez gostar do Giovanni?
- Ah, por que isso importa? Sinceramente não sei se quero responder.
- Por favor responde, eu não tenho. E eu queria muito entender o que passa na sua cabeça. É importante.
- Bom... Te contei que eu e eles sentavamos juntos e ficavamos a aula inteira conversando. Então, ele sempre foi bem educado comigo e sempre me defendeu e ajudou quando eu precisava. E ele é muito bonito também, não posso negar. E sei lá, eu comecei a gostar dele. E do nada a gente se separo. E eu continue gostando dele. Mas isso nunca ninguém soube. Nem ele, muito menos ele.
- Então, vocês nem chegaram a ficar? Ou nenhuma vez rolou um clima, algo do tipo?
- Teve uma aula que estavamos conversando sobre um assunto meio chato. E não me lembro exatamente sobre o que era, mas eu sei que eu tava bem mal. E então ele seguro na minha mão e me deu um beijo no rosto, e disse que tudo ia ficar bem. E que ele sempre ia tá do meu lado. Pra uma menina apaixonada isso foi muito climão.
- Vocês tem uma história.
- Mas eu não quero que ela continue. Hoje é o fim dessa história.
- Por que?
- Não sei, mas sinto que não gosto mais dele. Não posso explicar agora. Porque eu ainda tô muito confusa. Mas tenho certeza que dele eu não gosto mais.
- Eu fico muito feliz por ti. Ele não te merece. Mas como eu sô teu amigo...- Queria que fosse bem mais que isso, mas enfim.- eu ia te ajudar com ele. Se tu concordasse.
- Não inventa Fernando. Nem pensa, não se meta nessa história. Já disse que não quero nada com ele.
- Como eu disse. Se você concordasse. Como não quer, não faço a menor questão de fazer isso.
- Então, vamos ficar aqui no carro ou vamos entrar?
- Ah sim. Vamos entar.
Peguei minha mochila no banco de trás e coloquei nas costas. No mesmo instante o Fernando tirou ela das minhas costas e carregou até o quarto da irmã dele. Era um quarto bem bonito. Não tinha muito a minha cara. Mas não havia razão para ele ter algum estilo parecido com o meu. Eu me sentia no quarto da Barbie. Era tudo rosa e com muito brilho. Era legal até. O que eu mais gostei foi uma guitarra que tinha bem perto da porta que dava pra sacada. E falando em sacada, a vista era linda. Não sabia que meu bairro era tão bonito. Não reparo em nada mesmo. A única coisa na qual eu não consegui deixar de perceber. Foi que o Fernando não parou de me olhar o tempo inteiro enquanto eu caminhava pelo quarto, e conhecia tudo o que tinha nele. Me senti em casa. Como se eu fosse parte da família.
- Então, o que achou?- Fernando falou terminando com a analise sobre o quarto.
- Perfeito. É as palavras que eua chei pra definir.
- Achei que rosa e brilho não fizesse seu tipo.
- E não faz. Mas não deixa de ser lindo.
- Que bom que gostou.
- Com licença.- Alguém falou da porta. Uma voz doce, de uma mulher. Só podia ser a mãe do Fernando.- Filho, sua amiga vai durmir aqui hoje?
- Ah sim mãe. Não tem problema né?- Fernando respondeu.
- Claro que não. Eu e seu pai vamos sair rapidinho. Vamos na casa da sua tia Iara. Mas voltamos cedo, eu acho.
- Não tem problema mãe. Nós já jantamos e não vamos durmir tarde. Amanhã tem aula.
- Isso mesmo. Então, boa noite e durma com Deus.
- Boa noite mãe.
- Boa noite.- Eu respondi olhando pra ela e depois pro chão. E senti que eu fiquei ruborizada.
- Pelo jeito ficaremos um bom tempo a sós. Vamos tocar?
- Sim. Onde tá meu violão?
- Lá no estudio.