sexta-feira, 31 de julho de 2009

O que não era, agora é - parte oito

Chegando na minha casa. Fizemos o combinado. Ele passou de carro e me esperou na outra esquina. Arrumei tudo rápido. Peguei meu uniforme, meus livros e cadernos, e depois por último peguei meus oculos. Teria que levar, mesmo que não gostasse muito da idéia de usa-los perto do Fernando. Enfim, tenho que ir arrumar tudo rápido e ir pra casa dele. Algo que será bem tenso, conhecer os pais deles não vai ser muito agradavel. Não parece um belo fim de um encontro. Mas eu nem sei como encontro deveria terminar. Normalmente, em filmes... Que bela base, se basiar em filmes. Isso não importa agora. Peguei minha mochila, desci as escadas. E passando pela porta da cozinha percebi que tinha um pedaço de lasanha no balcão. Eu não pude resistir e come rapidamente. Depois saí correndo porta a fora. E quando tô perto da esquina o carro do Fernando, não tá mais ali. E agora? Que eu vô fazê? O odio começou a subir pela minha espianha, até eu quase ficar vermelha de raiva. Olhei para todos os lados e nada desse idiota aparecer. Andei até o meio da rua e eu vi o carro dele parado na frente da casa da Alessandra. O que ele fazia ali? Caminhei lentamente e muito envergonhada. Quando cheguei perto eu vi ele encostado no carro e a Alessandra em pé na frente dele. Parecia que eles conversavam e estavam se divertindo. Quando cheguei um pouco perto, parei embaixo de um poste de luz. Na esperança que ele me visse e parasse de conversar com ela. Ciúmes de novo. Teria que aprender a controlar isso. Eu acho que fiquei uns 10 minutos, até que percebessem que tinha alguém parado observando os dois. Então o Fernando se despediu dela e entrou no carro. Ele parou com o carro na minha frente e abaixou o vidro, disse:
- Pronta?- disse Fernando.
- Aham. A gente vai pra sua casa?- Falei com a voz um pouco aspera. E olhando de canto de olho pra Alessandra. Que por algum motivo ainda estava na rua.
- Lógico. Achou que iamos aonde?
- Não, não achei nada.
- Entra.- Entrei e como estava sendo de costume não falei nada. Mas desta vez me senti desconfortavel com a situação. Então resolvi puxar assunto sobre qualquer coisa.- Bom, eaí que a gente vai tocar?
- Sei lá. As músicas que a gente achar tri.- Fernando falou parecendo não me dar muita atenção.
- Ah tá.- Mas alguma silêncio. E então não aguentei.- O que tu tava fazendo na casa da Alessandra?
- A gente tava conversando. Tu demorou um pouco.- Preferi não comentar que eu estava me empanturrando de lasanha. Então deixei ele continuar.- Então ela tava passando e resolvi dá uma carona pra ela. A gente se conhece desde de criança. Somos que nem irmãos assim, entende?
- Hum. Entendo sim. Desculpa pela demora.
- Que isso foi nada. Eu esperaria muito mais se precisasse.- Eu sorri depois do que ele disse. Não pude me conter. Mas eu não podia dar bandeira sobre os meus sentimentos.
- Então tá tudo bem.
- Ah antes de entrarmos. Eu posso te perguntar uma coisa?
- Pergunta.
- O que te fez gostar do Giovanni?
- Ah, por que isso importa? Sinceramente não sei se quero responder.
- Por favor responde, eu não tenho. E eu queria muito entender o que passa na sua cabeça. É importante.
- Bom... Te contei que eu e eles sentavamos juntos e ficavamos a aula inteira conversando. Então, ele sempre foi bem educado comigo e sempre me defendeu e ajudou quando eu precisava. E ele é muito bonito também, não posso negar. E sei lá, eu comecei a gostar dele. E do nada a gente se separo. E eu continue gostando dele. Mas isso nunca ninguém soube. Nem ele, muito menos ele.
- Então, vocês nem chegaram a ficar? Ou nenhuma vez rolou um clima, algo do tipo?
- Teve uma aula que estavamos conversando sobre um assunto meio chato. E não me lembro exatamente sobre o que era, mas eu sei que eu tava bem mal. E então ele seguro na minha mão e me deu um beijo no rosto, e disse que tudo ia ficar bem. E que ele sempre ia tá do meu lado. Pra uma menina apaixonada isso foi muito climão.
- Vocês tem uma história.
- Mas eu não quero que ela continue. Hoje é o fim dessa história.
- Por que?
- Não sei, mas sinto que não gosto mais dele. Não posso explicar agora. Porque eu ainda tô muito confusa. Mas tenho certeza que dele eu não gosto mais.
- Eu fico muito feliz por ti. Ele não te merece. Mas como eu sô teu amigo...- Queria que fosse bem mais que isso, mas enfim.- eu ia te ajudar com ele. Se tu concordasse.
- Não inventa Fernando. Nem pensa, não se meta nessa história. Já disse que não quero nada com ele.
- Como eu disse. Se você concordasse. Como não quer, não faço a menor questão de fazer isso.
- Então, vamos ficar aqui no carro ou vamos entrar?
- Ah sim. Vamos entar.
Peguei minha mochila no banco de trás e coloquei nas costas. No mesmo instante o Fernando tirou ela das minhas costas e carregou até o quarto da irmã dele. Era um quarto bem bonito. Não tinha muito a minha cara. Mas não havia razão para ele ter algum estilo parecido com o meu. Eu me sentia no quarto da Barbie. Era tudo rosa e com muito brilho. Era legal até. O que eu mais gostei foi uma guitarra que tinha bem perto da porta que dava pra sacada. E falando em sacada, a vista era linda. Não sabia que meu bairro era tão bonito. Não reparo em nada mesmo. A única coisa na qual eu não consegui deixar de perceber. Foi que o Fernando não parou de me olhar o tempo inteiro enquanto eu caminhava pelo quarto, e conhecia tudo o que tinha nele. Me senti em casa. Como se eu fosse parte da família.
- Então, o que achou?- Fernando falou terminando com a analise sobre o quarto.
- Perfeito. É as palavras que eua chei pra definir.
- Achei que rosa e brilho não fizesse seu tipo.
- E não faz. Mas não deixa de ser lindo.
- Que bom que gostou.
- Com licença.- Alguém falou da porta. Uma voz doce, de uma mulher. Só podia ser a mãe do Fernando.- Filho, sua amiga vai durmir aqui hoje?
- Ah sim mãe. Não tem problema né?- Fernando respondeu.
- Claro que não. Eu e seu pai vamos sair rapidinho. Vamos na casa da sua tia Iara. Mas voltamos cedo, eu acho.
- Não tem problema mãe. Nós já jantamos e não vamos durmir tarde. Amanhã tem aula.
- Isso mesmo. Então, boa noite e durma com Deus.
- Boa noite mãe.
- Boa noite.- Eu respondi olhando pra ela e depois pro chão. E senti que eu fiquei ruborizada.
- Pelo jeito ficaremos um bom tempo a sós. Vamos tocar?
- Sim. Onde tá meu violão?
- Lá no estudio.

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